📚 Excelente Atividade de História sobre Niéde Guidon e a Arqueologia para os estudantes dos anos finais. Considerada a mãe da arqueologia brasileira, foi responsável por uma das maiores revoluções no estudo da pré-história americana. Com seu trabalho à frente das escavações na Serra da Capivara, ela não apenas revelou vestígios milenares da presença humana nas Américas, como também colocou a região no mapa do mundo, ganhando reconhecimento internacional. Conheça já!📝
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MORRE A MÃE DA ARQUEOLOGIA BRASILEIRA
No dia 04 de junho de 2025 vários jornais brasileiros noticiaram a morte da arqueóloga Niède Guidon, mas afinal, quem foi ela? Niède Guidon era pesquisadora, foi professora universitária, membro titular da Academia Brasileira de Ciências, grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico, além de fundadora do museu do homem americano.
A pesquisadora nasceu no dia 12 de março de 1933 no município de Jaú, estado de São Paulo, filha de pai francês e mãe brasileira. Ela se formou em história pela Universidade de São Paulo (USP), foi para a França onde trabalhou como professora.
Em 1970 voltou ao Brasil e passou a estudar as pinturas rupestres do Piauí. Nesse trabalho a arqueóloga encontrou desenhos rupestres com quase 30 mil anos. A pesquisadora foi a líder das escavações no Parque Nacional da Serra da Capivara, nelas foram feitas descobertas tão importantes para o entendimento da história, que não somente colocaram o Brasil no mapa das descobertas arqueológicas como também mudaram tudo o que se acreditava anteriormente sobre a presença humana nas Américas.
As pesquisas lideradas por Guidon catalogaram mais de 800 sítios e 35 mil pinturas rupestres, porém, a descoberta no sítio da Pedra Furada foi com certeza a mais importante, pois mudaria toda a estrutura da arqueologia tradicional.
Até então, a teoria mais aceita para o povoamento do continente americano era a Teoria de Clóvis, que defendia que os primeiros humanos chegaram nas Américas há cerca 12 mil anos pelo Estreito de Bering. Porém, nas suas escavações foram encontradas ferramentas de pedra e vestígios de fogueiras com cerca de 32 mil anos. A chamada hipótese de Guidon, foi encarada como ceticismo pelo meio científico, porém em 2006 o especialista francês Eric Boëda confirmou a autenticidade dos artefatos, dando mais força ainda a teoria.
De acordo com a teoria de Guidon, os primeiros habitantes poderiam ter vindo diretamente da África pelo Atlântico, pois o mar era 140 metros abaixo do nível de hoje, a distância entre a África e a América era muito menor (Baseado na teoria da deriva continental) e havia muito mais ilhas.
TEORIA DA DERIVA CONTINENTAL
A DIVISÃO DA PANGEIA
Essa teoria ainda divide especialistas, mas já redefiniu o debate sobre o povoamento do continente, que antes era dominado pela teoria de que o homem teria saído da Ásia para a América do Norte, atravessando uma ponte congelada no atual Estreito de Bering.
Mesmo não sendo aceita por todos os cientistas, o que também não é uma tarefa fácil, o fato de uma teoria de uma arqueóloga brasileira ser bem aceita em um meio dominado por homens é com certeza um feito heroico. Na defesa de suas ideias, Guidon enfrentou ameaças, resistência política e até mesmo ameaças de morte.
Seu trabalho foi essencial na busca pela preservação do patrimônio cultural e natural do Brasil, mais do que simples estudos acadêmicos, a arqueologia era vista por Niède Guidon como um agente de mudança social.
Em uma entrevista em 2023, Niède chegou a contar que nos primeiros anos em que havia chegado a Serra da Capivara percebeu junto com seus companheiros que a pobreza que reinava na região nunca ia permitir proteger o legado pré-histórico do parque, pois segundo ela, “uma pessoa com fome só pensa como vai resolver o problema imediato”.
Em 1979, graças às pesquisas da arqueóloga, foi criado no Piauí o Parque Nacional Serra da Capivara e, em 1991, o mesmo recebeu o título de Patrimônio Cultural da Humanidade pela Unesco. Entretanto, a criação do parque traria uma grande mudança para a população da região, pois a mesma era composta por sertanejos que sobreviviam da agricultura de subsistência, sem serviços como energia elétrica, educação e saúde.
A criação do parque tiraria daquele povo o pouco que eles tinham, já que várias famílias teriam que abandonar suas casas que ficavam dentro do território protegido. Niède passou então a buscar formas de garantir moradia para essas pessoas. A arqueóloga tratou pessoalmente de buscar apoio governamental para ajudar essas famílias, porém, fatores políticos passaram a ser um obstáculo. Algumas pessoas conseguiram melhorar de vida, mas outros precisaram deixar a região.
Em 1986, ajudou a criar a Fundação do Museu do Homem Americano, transformando a região em um dos mais importantes sítios arqueológicos do mundo. A FUMDHAM não ficou responsável somente pela preservação do museu e do parque, essa instituição é bastante atuante nas áreas educação e economia local.
Sob a gestão de Guidon, foram criadas escolas, postos de saúde e até uma fábrica de cerâmica que exporta peças com linhas exclusivas, gerando emprego e renda para artesãos. A fundação também se preocupa em capacitar moradores para trabalharem como guias e se tornarem uma espécie de guardiões do parque.
A arqueóloga era uma defensora ferrenha da região, defendia o crescimento da mesma respeitando os aspectos históricos, tendo até mesmo enfrentado batalhas políticas pela construção de um aeroporto, o que para ela seria de grande apoio para o crescimento do turismo. Atualmente a Serra da Capivara tem muito de sua economia voltada direta e indiretamente para o parque, principalmente através do turismo. Lá existem hotéis, pousadas, restaurantes, além do impacto no comércio local.
Graças ao trabalho de Guidon e seus apoiadores, hoje a Serra da Capivara é referência mundial em conservação histórica e desenvolvimento sustentável, como a própria afirmou em entrevista de 2023: “A Serra da Capivara está no mapa do mundo”.
Niède Guidon morreu aos 92 anos, na madrugada de quarta-feira, dia 4 de junho de 2025, em São Raimundo Nonato. A informação foi confirmada por Marian Rodrigues, diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara.
REFERÊNCIAS
https://veja.abril.com.br
https://noticias.uol.com.br
https://g1.globo.com
https://www.cnnbrasil.com.br
https://mundoeducacao.uol.com.br
Texto de Cássia Alves – Tudo Sala de Aula
📚 Atividades
1. Quem foi Niède Guidon?
2. A pesquisadora Niède Guidon foi a escavações no
a) Parque Arqueológico do Rio Grande do Sul.
b) Parque Nacional da Serra da Capivara.
c) Parque Nacional do Sertão Central.
d) Parque Arqueológico do Rio Grande do Norte.
3. De acordo com Guidon, quais fatores haviam facilitado a vinda dos seres humanos da África para a América diretamente.
4. Classifique as informações com:
(TC) Teoria de Clóvis (TG) Teoria de Guidon
( ) Ferramentas de pedra e restos de fogueiras fundamentam essa teoria.
( ) Afirmam que o homem chegou a América há 32 mil anos.
( ) De acordo com essa teoria, os primeiros humanos chegaram às Américas há 12 mil anos.
( ) Segundo essa teoria, os seres humanos chegaram a América pelo Estreito de Bering.
( ) Os primeiros habitantes poderiam ter vindo diretamente da África pelo Atlântico.
5. Observe a imagem do globo apresentado no texto e com base nela explique a teoria da Deriva Continental.
6. Mesmo não sendo aceitas por todos os cientistas, as teorias de Guidon podem ser consideradas um feito heroico porque ela
a) defendeu suas descobertas mesmo sendo criticada em uma área com maioria de homens.
b) se importava somente com as descobertas científicas e não com a população e o social.
c) deixou seu trabalho no Brasil e foi para a França pesquisar tão somente fontes europeias.
d) abriu mão de sua pesquisa diante das dificuldades que enfrentou no Brasil e fora dele.
7. Sobre Nied Guidon é INCORRETO afirmar que
a) na defesa de suas ideias, enfrentou intimidações, resistência política e ameaças de morte.
b) seu trabalho foi essencial para a preservação do patrimônio cultural e natural do Brasil.
c) a arqueologia era vista por ela como uma simples fonte de estudos acadêmicos.
d) a arqueologia era vista por ela como agente de mudança social.
8. Descreva como era a maioria da população da Serra da Capivara na época da chegada de Guidon.
9. Como a criação do Parque Nacional prejudicaria a população do local?
10. Como a Fundação do Museu do Homem Americano, sob a gestão de Guidon, ajudou na transformação social da população do Parque Nacional da Capivara?
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Planejamento para o professor
Objeto do conhecimento: O legado da arqueóloga Niède Guidon.
Objetivo da Aula: Compreender a importância do trabalho da arqueóloga Niède Guidon para a preservação do patrimônio histórico e cultural brasileiro, reconhecendo sua contribuição nas pesquisas realizadas no Parque Nacional da Serra da Capivara e sua relevância para o entendimento da ocupação humana na América.
Habilidade da BNCC: EF06HI04 consiste em: Conhecer as teorias sobre a origem do homem americano.
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Por Cássia Alves
Licenciada em História e especialista em Gestão Escolar, com extensão em Formação Cidadã e Transversalidade.
O conteúdo foi revisado e certificado pela equipe de Redação do Tudo Sala de Aula.
Muito bom!
Amei esse texto sobre Niéde e a Atividade um sucesso! Muito obrigado mesmo!!
Ficamos felizes em ajudar!
Parabéns pela atividade bem elaborada e pela atitude de homenagear a grande arqueóloga Niède Guidon!
Muito obrigado pelo comentário! Fico feliz que tenha gostado da atividade. 😊💙