📚 Excelente Atividade de Língua Portuguesa sobre Intertextualidade, voltada para estudantes do Ensino Médio, que busca desenvolver a capacidade de interpretar textos que dialogam entre si. Conheça, baixe e aplique em sala de aula.

Atividade sobre Intertextualidade para o Ensino Médio

Leia os textos para responder às questões 1 a 5.

TEXTO I

Europa, França e Bahia

Meus olhos brasileiros sonhando exotismos.
Paris. A torre Eiffel alastrada de antenas como um caranguejo.
Os cais bolorentos de livros judeus
e a água suja do Sena escorrendo sabedoria.
O pulo da Mancha num segundo.
Meus olhos espiam olhos ingleses vigilantes nas docas.
Tarifas bancos fábricas trusts krachs.
Milhões de dorsos agachados nas colônias longínquas
[formam um tapete para Sua Graciosa
Majestade Britânica pisar.]
E a lua de Londres como um remorso.

Submarinos inúteis retalham mares vencidos.
O navio alemão cauteloso exporta dolicocéfalos arruinados.
Hamburgo, embigo do mundo.
Homens de cabeça rachada cismam em rachar a cabeça
[dos outros dentro de alguns anos.]

A Itália explora conscienciosamente vulcões apagados,
vulcões que nunca estiveram acesos
a não ser na cabeça de Mussolini.
E a Suíça cândida se oferece
numa coleção de postais de altitudes altíssimas
Meus olhos brasileiros se enjoam da Europa.

Não há mais Turquia.
O impossível dos serralhos esfacela erotismos prestes a declanchar.
Mas a Rússia tem as cores da vida.
A Rússia é vermelha e branca.
Sujeitos com um brilho esquisito nos olhos criam o
[filme bolchevista e no túmulo de Lenin
[em Moscou parece que um coração
[enorme está batendo, batendo
mas não bate igual ao da gente…

Chega!
Meus olhos brasileiros se fecham saudosos,
Minha boca procura a “Canção do Exílio”.
Como era mesmo a “Canção do Exílio”?
Eu tão esquecido de minha terra. . .
Ai terra que tem palmeiras
onde canta o sabiá!

Carlos Drummond de Andrade

TEXTO II

Canção do exílio

Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá;
As aves, que aqui gorjeiam,
Não gorjeiam como lá.

Nosso céu tem mais estrelas,
Nossas várzeas têm mais flores,
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida mais amores.

Em cismar, sozinho, à noite,
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Minha terra tem primores,
Que tais não encontro eu cá;
Em cismar –sozinho, à noite–
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem palmeiras,
Onde canta o Sabiá.

Não permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que disfrute os primores
Que não encontro por cá;
Sem qu’inda aviste as palmeiras,
Onde canta o Sabiá. 

Gonçalves Dias

1. O poema de Drummond dialoga diretamente com “Canção do Exílio”, de Gonçalves Dias. Explique de que forma ocorre essa intertextualidade e qual é o principal contraste entre os dois textos.


2. No texto I, o eu lírico menciona diversos países e, ao final, busca a “Canção do Exílio”. Esse movimento revela
a) um desprezo definitivo pela cultura estrangeira.
b) um nacionalismo agressivo e patriótico.
c) uma crítica ao estrangeirismo e a saudade da pátria.
d) uma recusa em reconhecer qualquer valor na Europa.

3. No texto de Drummond, no verso: “Meus olhos brasileiros se enjoam da Europa”, atribui-se um sentimento ao olhar. Que figura de linguagem está presente nesse trecho?
a) Metonímia.
b) Prosopopeia.
c) Eufemismo.
d) Elipse.

4. Como o sentimento de saudade presente no texto II é ressignificado por Drummond no texto I?


5. Comparando os dois poemas, qual alternativa melhor caracteriza a visão de pátria de cada autor?
a) Ambos exaltam a pátria de forma ideal e perfeita.
b) Drummond critica a Europa e nega qualquer valor ao Brasil.
c) Gonçalves Dias expressa idealização; Drummond, consciência crítica.
d) Ambos rejeitam qualquer sentimento de pertencimento à pátria.
e) Drummond copia Gonçalves Dias e seu sentimentalismo em relação à pátria.

Analise os textos abaixo para responder às questões 6 a 9.

Texto I

As curvas da Estrada de Santos

Se você pretende saber quem eu sou
Eu posso lhe dizer
Entre no meu carro na Estrada de Santos
E você vai me conhecer
Você vai pensar que eu
Não gosto nem mesmo de mim
E que na minha idade
Só a velocidade anda junto a mim

Só ando sozinho e no meu caminho
O tempo é cada vez menor
Preciso de ajuda, por favor me acuda
Eu vivo muito só

Se acaso numa curva
Eu me lembro do meu mundo
Eu piso mais fundo, corrijo num segundo
Não posso parar

Eu prefiro as curvas da Estrada de Santos
Onde eu tento esquecer
Um amor que eu tive e vi pelo espelho
Na distância se perder […]

Roberto Carlos

Texto II

Coração Selvagem

Meu bem, guarde uma frase pra mim
Dentro da sua canção
Esconda um beijo pra mim
Sob as dobras do blusão
Eu quero um gole de cerveja
No seu copo
No seu colo e nesse bar

Meu bem, o meu lugar
É onde você quer que ele seja
Não quero o que a cabeça pensa, eu quero o que a alma deseja
Arco-íris, anjo rebelde
Eu quero o corpo
Tenho pressa de viver […]

Meu bem, o mundo inteiro está naquela estrada ali em frente
Tome um refrigerante
Coma um cachorro-quente, sim
Já é outra viagem
E o meu coração selvagem
Tem essa pressa de viver […]

Ô-ô, ô-ô
Meu bem
Vem viver comigo, vem correr perigo, vem morrer comigo
Meu bem
Meu bem
Meu bem

Talvez eu morra jovem
Alguma curva do caminho
Algum punhal de amor traído
Completará o meu destino […]

Belchior

6. Ambas as canções mencionam a estrada como símbolo de vida. Compare o uso da estrada nos dois textos e explique o que ela representa para cada eu lírico.


7. Nos dois textos, o amor aparece como
a) um sentimento leve e resolvido.
b) algo racional e controlado.
c) um símbolo religioso, sendo tudo para o eu lírico.
d) uma força que causa dor e impulsiona decisões.
e) um tema secundário e sem importância.

8. Compare os perfis dos eu líricos presentes em cada canção: quem está mais inclinado à autodestruição e quem busca viver, apesar dos riscos?


9. No texto I, no verso: “Só ando sozinho e no meu caminho o tempo é cada vez menor”, o que isso revela sobre o estado emocional do eu lírico?


Leia os textos para responder às questões 10 a 14.

Texto I

¹ Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine.

1 Coríntios 13:1

Texto II

Ainda que eu falasse
A língua dos homens
E falasse a língua dos anjos
Sem amor eu nada seria

É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece

Legião Urbana

10. Explique como a música do Legião Urbana se relaciona com o versículo bíblico de 1 Coríntios.


11. Qual a principal diferença de linguagem entre os dois textos?
a) A música usa linguagem mais poética e subjetiva.
b) O texto bíblico é informal e coloquial.
c) Ambos utilizam a mesma linguagem de cunho religioso.
d) A música critica o texto bíblico abertamente.
e) O texto bíblico trata de maneira mais respeitosa o tema amor.

12. Como Renato Russo, na canção, atualiza a mensagem bíblica sobre o amor para os tempos modernos?


13. Na sua opinião, por que a música afirma: “É só o amor que conhece o que é verdade”?


14. No versículo bíblico, o eu lírico afirma que, sem amor, seria “como o metal que soa ou como o sino que tine”. O que significa essa metáfora?



Gabarito

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Editado por Maurício Araújo

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