Português 6º e 7º ano

Atividade sobre Romance - Trecho de Vidas Secas - 7º e 8º ano

📝 Atividade propõe leitura e interpretação de um trecho da obra Vidas Secas, destacando elementos do romance regionalista e a crítica social presente.

Leitura: 10 Minutos

📚 Vidas Secas é um importante romance do escritor brasileiro Graciliano Ramos publicado em 1938 que aborda uma família de retirantes do sertão nordestino condicionada a uma vida precária, diante de problemas como a seca, a miséria, a fome e a desigualdade social. Pensando em enriquecer suas aulas, o Tudo Sala de Aula preparou uma atividade de Interpretação sobre o Romance, com um trecho da obra Vidas Secas, voltada para os alunos do 7º e 8º ano. A partir desse clássico de Graciliano Ramos, os estudantes serão convidados a refletir sobre o contexto social apresentado, explorar a linguagem regionalista e identificar características do romance modernista. Baixe agora e leve essa experiência para sua sala de aula!

Atividade sobre romance trecho de vidas secas

Leia a seguir um trecho do romance Vidas Secas e responda às questões.

          Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à camarinha escura, pareciam ratos — e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.
         Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.
         – Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.
         Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem: era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.
         Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando:
         – Você é um bicho, Fabiano.
         Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.
        Chegara naquela situação medonha — e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.
        – Um bicho, Fabiano.
        Era. Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto, passara uns dias mastigando raiz de imbu e sementes de mucunã. Viera a trovoada. E, com ela, o fazendeiro, que o expulsara. Fabiano fizera-se desentendido e oferecera os seus préstimos, resmungando, coçando os cotovelos, sorrindo aflito. O jeito que tinha era ficar. E o patrão aceitara-o, entregara-lhe as marcas de ferro.
          Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes, estava plantado. […] Ele, sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra. […]
          Entristeceu. Considerar-se plantado em terra alheia! Engano. A sina dele era correr mundo, andar para cima e para baixo, à toa, como judeu errante. Um vagabundo empurrado pela seca. Achava-se ali de passagem, era hóspede. Sim senhor, hóspede que se demorava demais, tomava amizade à casa, ao curral, ao chiqueiro das cabras, ao juazeiro que os tinha abrigado uma noite.
         Deu estalos com os dedos. A cachorra Baleia, aos saltos, veio lamber-lhe as mãos grossas e cabeludas. Fabiano recebeu a carícia, enterneceu-se:
        – Você é um bicho, Baleia.

Graciliano Ramos
Vidas Secas. São Paulo: Record, 1994, p. 17-19.

1. A partir da leitura do trecho, que características do romance regionalista podem ser observadas?


2. O narrador em Vidas Secas é:
a) personagem.
b) observador.
c) onisciente.
d) protagonista.

3. O que aconteceu com Fabiano e sua família quando chegaram ao local mencionado no trecho?


4. No trecho: “Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criara raízes”, o termo em destaque estabelece uma ideia de:
a) adição.
b) explicação.
c) conclusão.
d) oposição.

5. Qual é o papel da cachorra Baleia no final do trecho?
a) Representar a miséria da família.
b) Refletir o afeto e o vínculo afetivo.
c) Simbolizar a liberdade.
d) Lembrar o passado de sofrimento.

6. Qual sentimento Fabiano tem em relação à casa onde está vivendo? Cite um trecho que comprove sua resposta.


7. O que Fabiano quer dizer ao afirmar que é um bicho? Explique com suas palavras.


8. No trecho: “[…] puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas”, a palavra em destaque, de acordo com o contexto, significa:
a) cortar as unhas com cuidado.
b) esconder as mãos atrás do corpo.
c) limpar ou cutucar as unhas com força.
d) afiar a faca antes de usá-la.

9. De acordo com a narrativa, por que Fabiano se sente um hóspede?


10. O trecho começa com a frase: “Fabiano ia satisfeito”. De acordo com o decorrer da narrativa, o que podemos entender desta expressão?
a) Ele estava satisfeito, pois ganhou muito dinheiro.
b) Fabiano estava satisfeito, pois arrumou emprego e saiu da miséria.
c) A satisfação veio pois, Fabiano havia comprado uma casa nova.
d) Fabiano estava satisfeito, pois havia viajado com a família.

11. Em: “coçando os cotovelos, sorrindo aflito”, os verbos estão no
a) futuro do subjuntivo.
b) gerúndio, indicando ações simultâneas.
c) particípio, indicando conclusão.
d) presente do indicativo.

12. De acordo com a leitura do texto, como podemos entender a construção psicológica do personagem Fabiano?
a) Mostra um personagem seguro de si e orgulhoso por ser respeitado.
b) Apresenta Fabiano como um homem decidido, que impõe sua autoridade com firmeza.
c) Revela um personagem dividido entre o desejo de afirmação e o sentimento de inferioridade.
d) Retrata Fabiano como alguém alegre, otimista e confiante em seu futuro.

13. Em: Apossara-se da casa porque não tinha onde cair morto…” a palavra grifada foi empregada para introduzir
a) uma explicação.
b) uma consequência.
c) uma adversidade.
d) uma comparação.

14. Justifique o uso da vírgula na frase abaixo:
        “– Você é um bicho, Baleia.”



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