Ensino Médio

Atividade de Interpretação de Crônica para o Ensino Médio - A Palestra de Machado

📚 Atividade sobre a crônica "A Palestra de Machado", que visa desenvolver a competência leitora dos estudantes por meio da interpretação de texto, análise crítica e identificação de elementos característicos do gênero crônica.

📚 Nesta publicação, apresentamos uma excelente atividade de Língua Portuguesa sobre o gênero crônica “A Palestra de Machado”, direcionada aos estudantes do Ensino Médio. Essa crônica, marcada pelo humor sutil e pela crítica social, aborda situações do cotidiano com um olhar perspicaz e irônico. Por meio de uma linguagem acessível e envolvente, o autor convida o leitor a refletir sobre atitudes humanas e relações sociais. Conheça, baixe e aplique em sala de aula!

Leia o texto e responda às questões 1 – 16.

A PALESTRA DO MACHADO

               Leitor proficiente, devorador de bons livros, versado em clássicos da literatura, o professor Bruno Medina lia em média um exemplar ao mês há mais de vinte anos. Seus alunos o identificavam pela erudição, já os vizinhos e amigos pela biblioteca organizada na parte superior da sua casa. Mas apesar de toda a sua experiência de leitura, ainda não havia visitado uma cidade gigantesca de livros; por isso mesmo fez da Bienal Internacional do Livro de São Paulo de 2024, o evento mais esperado e espetacular dos últimos anos de sua vida. Para tanto, às vésperas da aposentadoria, visando a gratuidade, cadastrou-se como professor três meses antes do evento tão esperado, para onde seguiu na companhia de oito amigos que frequentavam o grupo de leituras.
               Aproveitou a viagem para fazer uma relação minuciosa dos livros que gostaria de comprar e, logo, formalizou uma lista de respeito, provocando risadas dos amigos ao  lembrar das recomendações dadas, cotidianamente, aos alunos: de que se ocupassem menos com os celulares em sala de aula, utilizando tempo e energia com boas leituras, já que tais práticas poderiam garantir, ao menos, o básico para organizar ideias e garantir uma interpretação autônoma e competente do mundo  –  para tristeza de influenciadores e youtubers que perderiam seguidores e em muitos casos eleitores.
               Entretanto, não tinha ilusões, pois sabia de antemão, que poucos dariam crédito aos seus ensinamentos, ainda assim, mantinha a postura e compostura; e, como gostava de dizer: queria terminar a carreira de maneira digna, saindo da escola pública como entrara: pela porta da frente. O maior problema encontrado e o mais difícil de administrar era o de sempre: celular nas mãos de alunos em sala de aula.
               A maioria dos alunos, após à pandemia se tornou escravo de tais aparelhos – miseravelmente utilizados para malditos joguinhos e banalidades; professor raiz, como se nominava, sentia vontade de se demitir toda vez que observava que os discentes em tais situações não se habilitavam nem mesmo a fazer uma mísera pesquisa para fim pedagógico; e que, Igualmente aos filhos, nas reuniões bimestrais, a quantidade insignificante de pais e responsáveis que frequentava a escola nessas ocasiões se ocupava mais com os celulares que ouvir as falas de gestores e professores.
               Enquanto fazia essas reflexões, que não era novidade a nenhum do grupo, pois eram todos professores vocacionados, lembrou que nada poderia dar errado, pois este era o último dia do evento, oportunidade única de dar às mãos aos personagens e autores, como gostava de dizer.                 Ficou encantado ao presenciar uma multidão à sua frente ofuscando sua visão. Mas também, um pouco atrapalhado, pois estava acostumado à vida pacata do interior.
               O congestionamento o surpreendera, principalmente por tratar-se de local de exposição de livros; mas logo seus olhos se acostumaram, principalmente quando se pôs a caminhar por livrarias e locais de eventos artísticos com desenvoltura. Era o banho de cultura esperado.
               – Olhou de lado disse: – “não acredito: um Dostoiévski capa dura a trinta reais!
               Mas deixou para mais tarde…. pois ele e os amigos tinham uma missão: visitar a “Casa do Machado de Assis” que lhes disseram estar instalada na Bienal de 2024. Ocorre que diante do trânsito de pessoas, acabou se perdendo dos amigos, ficando combinado então por celular que cada qual, organizasse seu próprio roteiro, por uma questão de liberdade, restando como ponto de encontro a condução estacionada para retorno às dezessete horas.
               A sorte estava do seu lado, encontrou rapidamente a “Casa do Machado” e ela era realmente magnífica, tinha até manuscritos assinados pelo homem, vejam só!  Não, na casa do Machado, não poderia estar sozinho, ao menos o Rafael e a Fernanda seriam “intimados” a comparecerem àquele local!
               Foi então que resolveu enviar mensagens de celulares a eles:
               – Estou aqui na casa do Machado de Assis, vamos filmar e fotografar aqui!
Não consigo encontrá-la disse Rafael, mas estou vendo a poucos passos um rapaz com uniforme de orientador, que, como nossos alunos, não tira os olhos do celular, ele deve saber…
Envolvido como estava de usufruir do passeio de uma maneira inesquecível, e não sendo dado a ficar o tempo todo ao celular, acabou visitando, fotografando, filmando e comprando livros até que deu por conta de que se aproximava a hora de ir para a condução, finalizando a participação à bienal de 2024.
               Mais tarde, já no interior da condução, soube do acontecimento que motivou os amigos Rafael e Fernanda a abandonarem a visita à casa do Machado, cujos fatos foram assim relatados pelos próprios amigos:
               Rafael aproxima-se do orientador e pergunta:
               – Onde está instalada a casa do Machado de Assis, que não estamos encontrando?
               O rapaz, sempre envolvido com o celular, respondeu:
               – Eu também não sei, mas deixa ver, e pegou uma lista e passou a procurar o nome, não tendo encontrado o nome “Machado de Assis” na lista, perguntou
               – Ele fez palestra aqui hoje?
               Enquanto a esposa Fernanda olhava espantada sem saber o que dizer, Rafael com cara de deboche, respondeu:
               – Não, O Machado não fez palestra hoje na Bienal, pois seria impossível, já que sua morte aconteceu em 1908; a não ser que Brás Cubas o tenha representado.


Gilmair Ribeiro da Silva é professor da Rede Pública do Estado de São Paulo – autor do livro “Os Muros e o Silêncio da Cidade”.
Disponível em: https://diariodoengenho.com.br/a-palestra-do-machado/

1. (D1-SAEB) O texto “A Palestra do Machado” é uma crônica que denuncia, com sutileza e bom humor, a dependência excessiva do celular e a ignorância das pessoas sobre o patrimônio literário brasileiro. Embora exista essa crítica intensa, o autor demonstra, através do personagem Bruno Medina, que
a) a leitura e o saber ainda são ferramentas de resistência ao mundo cada vez mais distraído.
b) a leitura crítica é necessária principalmente em ambientes onde são vendidos livros literários.
c) o professor, embora sem leitura diária, ainda consegue com eficácia desenvolver suas habilidades.
d) o saber literário não é a única forma de desenvolver a criticidade humana na escola.
e) a valorização da cultura escrita deve ceder espaço às novas formas de consumo digital de informação.

2. (D4-SAEB) Em: “Seus alunos o identificavam pela erudição, já os vizinhos e amigos pela biblioteca organizada na parte superior da sua casa.”, esse trecho mostra que o personagem principal revela
a) a diferença entre a vida pública e a vida privada do professor, marcada pela simplicidade e desapego aos bens.
b) a valorização social do professor pela sua aparência e pelos bens materiais que possuía, como os livros.
c) uma crítica à sociedade que julga as pessoas apenas por seus espaços físicos e não por seu conteúdo intelectual.
d) a falta de interesse dos vizinhos e amigos pela cultura, limitando-se apenas à aparência da biblioteca.
e) a forma como sua dedicação à leitura e ao conhecimento era reconhecida em diferentes esferas de sua convivência.

3. (D9-SAEB) A crítica presente na crônica está principalmente
a) na comercialização de livros clássicos na Bienal a preços inacessíveis.
b) na maneira como os eventos literários tratam os professores nos eventos.
c) na ignorância das pessoas sobre grandes autores e na dependência do celular.
d) na má organização da Bienal e na desvalorização da literatura brasileira.
e) no excesso de regras nas escolas públicas e na falta de liberdade docente.

4. (D16-SAEB) Leia o trecho a seguir e depois responda.

“O rapaz, sempre envolvido com o celular, respondeu: — Eu também não sei, mas deixa ver, e pegou uma lista e passou a procurar o nome, não tendo encontrado o nome ‘Machado de Assis’ na lista, perguntou: — Ele fez palestra aqui hoje?” (17º parágrafo)

Onde está o humor desse trecho?


5. (D1-SAEB) O texto mostra um retrato de um professor vocacionado, resistente e idealista mesmo com o desgaste que a profissão tem sofrido. Assim sendo, localize, no texto, um fragmento que revela esse tipo de professor.


6. (D11-SAEB) Conforme o segundo parágrafo, caso os estudantes tivessem o hábito de boas leituras, a consequência seria
a) o incentivo de novos influenciadores digitais nas escolas.
b) a menor dependência de celulares para atividades da escola.
c) a redução da importância da leitura no ambiente escolar.
d) o afastamento total dos estudantes do uso de tecnologias.
e) a diminuição de seguidores dos influenciadores e youtubers.

7. (D2-SAEB) Localize na crônica a que ou a quem os termos grifados estão se referindo.

a) “cadastrou-se como professor três meses” (1º parágrafo)


b) “… já que tais práticas poderiam garantir, ao menos, o básico…” (2º parágrafo)


c) “… e ela era realmente magnífica, tinha até manuscritos assinados pelo homem…” (9º parágrafo)


d) “… a não ser que Brás Cubas o tenha representado.” (Último parágrafo)


e) “Não consigo encontrá-la disse Rafael…” (12º parágrafo)


8. (D17-SAEB) Em: “O maior problema encontrado e o mais difícil de administrar era o de sempre: celular nas mãos de alunos em sala de aula.” (3º parágrafo), os dois-pontos são utilizados para
a) Indicar uma dúvida em relação à função do celular nas aulas.
b) introduzir um exemplo de tecnologia utilizada corretamente.
c) repetir uma explicação já apresentada anteriormente.
d) especificar qual era o problema mencionado anteriormente.
e) substituir a vírgula e dar sequência aos problemas escolares.

9. (D17-SAEB) Em: “– Olhou de lado disse: – “não acredito: um Dostoiévski capa dura a trinta reais!” (7º parágrafo), o emprego do ponto de exclamação sinaliza
a) um entusiasmo.
b) uma indignação.
c) uma crítica.
d) uma ironia.
e) uma dúvida.

10. (D15-SAEB) Observe as palavras apresentadas no quadro abaixo. Elas introduzem ideias que estabelecem relações lógicas no texto.

OPOSIÇÃOCONCESSÃOTEMPO
EXPLICAÇÃOCONCLUSÃOADIÇÃO

Agora, leia os trechos retirados da crônica e relacione-os corretamente às funções das termos grifados.
a) “Entretanto, não tinha ilusões, pois sabia de antemão”


b) “Mas apesar de toda a sua experiência de leitura…”


c) Mas também, um pouco atrapalhado


d) “e, logo, formalizou uma lista de respeito”


e) “ainda assim, mantinha a postura e compostura”


f) “por isso mesmo fez da Bienal Internacional do Livro


g) “pois seria impossível, já que sua morte aconteceu”


h) “pegou uma lista e passou a procurar o nome”


11. (D14 -SAEB) Há uma opinião explícita em:
a) “Aproveitou a viagem para fazer uma relação minuciosa”
b) “cadastrou-se como professor três meses antes do evento”
c) Ficou encantado ao presenciar uma multidão à sua frente ofuscando sua visão”
d) “O maior problema encontrado e o mais difícil de administrar”
e) “O Machado não fez palestra hoje na Bienal, pois seria impossível”

12. (D15-SAEB) No trecho: “Mas apesar de toda a sua experiência de leitura, ainda não havia visitado…”, a palavra “ainda” indica
a) uma conclusão contrária ao esperado.
b) um modo como a ação foi realizada.
c) uma explicação para sua experiência de leitura.
d) uma opinião negativa sobre a leitura.
e) uma ação que não ocorreu até aquele momento.

13. (D8-SAEB) Um dos argumentos apresentados na crônica “A Palestra do Machado” para sustentar a valorização da leitura e da formação crítica é
a) a presença de grandes editoras na Bienal do Livro de São Paulo em 2024.
b) o uso excessivo de celulares faz com que as pessoas percam a oportunidade de desenvolver autonomia.
c) o baixo custo de livros clássicos facilita o acesso dos estudantes à literatura brasileira.
d) o interesse dos professores em participar de eventos culturais literários.
e) o acesso gratuito a espaços organizados dentro de grandes feiras como a Bienal.

14. (D3-SAEB) Identifique no texto uma palavra que significa:
a) Ação de indagar: __________________
b) Comportamento independente: _____________________
c) Algo que está próximo: ____________________
d) Aquilo que é apenas o fundamental: _____________________
e) Itinerário: __________________

15. (D13-SAEB) No trecho: “Leitor proficiente, devorador de bons livros…”, a expressão destacada é um exemplo de
a) metáfora.
b) comparação.
c) eufemismo.
d) metonímia.
e) ironia.

16. O que mais chamou a sua atenção nesta crônica? Comente.



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