📚 Nesta publicação, apresentamos uma sequência de 2 atividades sobre a crônica “O Homem Nu”, de Fernando Sabino, especialmente elaborada para os estudantes do 8º e 9º ano. A proposta conta com duas atividades diferentes, que podem ser baixadas individualmente, proporcionando maior flexibilidade ao professor no momento da aplicação. Conheça baixe e aplique este material preparado com carinho pelo time Tudo Sala de Aula!📝
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Texto a Crônica "O Homem Nu"
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O HOMEM NU
CRÔNICA DE FERNANDO SABINO
Ao acordar, disse para a mulher:
— Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão, vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
— Explique isso ao homem — ponderou a mulher.
— Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa-o bater até cansar — amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la, ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir. Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o nó dos dedos:
— Maria! Abre aí, Maria. Sou eu — chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o ponteiro subir lentamente os andares… Desta vez, era o homem da televisão!
Não era. Refugiado no lanço da escada entre os andares, esperou que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento, sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
— Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada, lentos, regulares, vindos lá de baixo… Tomado de pânico, olhou ao redor, fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia executar um ballet grotesco e mal ensaiado. Os passos na escada se aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador, apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
Mas eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
— Ah, isso é que não! — fez o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com ele ali, em pêlo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido… Percebeu, desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka, instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime do Terror!
— Isso é que não — repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o botão do seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes de mais nada: “Emergência: parar”. Muito bem. E agora? Iria subir ou descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta, enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
— Maria! Abre esta porta! — gritava, desta vez esmurrando a porta, já sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si.
Voltou-se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
— Bom dia, minha senhora — disse ele, confuso. — Imagine que eu…A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
— Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
— Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
— É um tarado!
— Olha, que horror!
— Não olha não! Já pra dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que era. Ele entrou como um foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora, bateram na porta.
— Deve ser a polícia — disse ele, ainda ofegante, indo abrir.
Não era: era o cobrador da televisão.
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📚 Atividade I sobre a Crônica "O Homem Nu"
A atividade a seguir apresenta 15 questões sobre a crônica “O Homem Nu”, de Fernando Sabino, com foco na identificação dos elementos narrativos, uso de linguagem coloquial, tipos de discurso e emprego de recursos gramaticais.
1. O texto de Fernando Sabino é considerado uma crônica por apresentar acontecimentos cotidianos de forma literária. As crônicas podem ter características diferentes, dependendo das intenções do autor. Esta, por exemplo, é uma crônica
a) argumentativa.
b) descritiva.
c) humorística.
d) histórica.
2. Na frase: “Mas acontece que ontemeu não trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.”, a palavra em destaque apresenta uma relação de
a) intensidade.
b) adição.
c) causa.
d) oposição.
3. Qual foi o fato principal que desencadeou o enredo da crônica?
4. Que tipo de narrador o texto apresenta? Observe os tipos de narradores abaixo e, no quadro em branco, escreva o tipo de narrador do texto que você está lendo, justificando sua resposta.
5. Na frase: “Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.”, a palavra “aliviado” pode ser substituída, sem mudar o sentido, por
a) nervoso.
b) cansado.
c) tranquilo.
d) agitado.
6. Na frase: “Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro…”, a palavra em destaque refere-se ao
a) dono do prédio.
b) padeiro.
c) homem da televisão.
d) vizinho do apartamento.
7. Que tipo de discurso predomina na fala dos personagens desta crônica (discurso direto, discurso indireto ou discurso indireto livre)? Observe os seguintes tipos de discurso e identifique qual deles está presente na crônica que você leu. Justifique sua resposta.
8. Leia as frases retiradas do texto e marque apenas o item que apresenta um verbo no pretérito mais-que-perfeito do indicativo.
a) Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.
b) O elevador começou a descer.
c) A mulher já se trancara no banheiro.
d) Alguém lá em baixo abriria.
9. O trecho cuja palavra grifada estabelece uma finalidade na crônica é:
a) “Mas a mulher já se trancara lá dentro.”
b) “Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.”
c) “Deixa-o bater até cansar — amanhã eu pago.”
d) “Não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém.”
10. Na frase: “— É um tarado! — Olha, que horror!”, o uso do ponto de exclamação foi empregado para indicar
a) um entusiasmo.
b) uma indignação.
c) uma timidez.
d) uma ordem.
11. Escreva uma palavra do texto que significa:
a) Discussão verbal ou desentendimento.
b) Expressão de espanto ou desespero.
c) Roupa usada para dormir.
d) Situação complicada ou embaraçosa (sentido figurado).
12. Localize no texto a quem ou a que se referem as palavras destacadas:
a) “Ele respirou aliviado, enxugando o suor da testa com o embrulho do pão.”
b) “A mulher já se trancara lá dentro. Enquanto esperava, resolveu fazer um café.”
c) “Ela pensava que já era o sujeito da televisão.”
d) “Deixa-o bater até cansar’.
13. Em: “A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito: “— Valha-me Deus! O padeiro está nu!” O uso dos dois pontos nesse fragmento serve para
a) indicar um discurso direto.
b) fornecer uma explicação.
c) marcar o vocativo na frase.
d) apresentar uma citação.
14. Reescreva a frase abaixo, substituindo as palavras grifadas por sinônimos adequados.
“Ele ficou aterrorizado e fez uma pirueta despido, tentando se esconder.”
15. Textos narrativos são produções que visam contar algo a alguém. Há muitos textos com essas características, como a crônica estudada. Portanto, identifique os seguintes elementos narrativos no texto “O homem nu”.
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📚 Atividade II sobre a Crônica "O Homem Nu"
A atividade a seguir apresenta 19 questões interpretativas baseadas na crônica “O Homem Nu”, com foco no humor textual, nas situações cotidianas e nos recursos de linguagem utilizados pelo autor.
1. De acordo com o texto, por que o homem não tinha condições de pagar a prestação da televisão?
2. O que o homem sugeriu que fosse feito quando o cobrador chegasse?
3. O que aconteceu com o homem no momento em que ele tentou pegar o embrulho de pão deixado no parapeito?
4. Releia o trecho abaixo e responda.
“Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem ninguém. Deixa-o bater até cansar — amanhã eu pago.”
No trecho acima, o personagem principal demonstrou, com sua atitude, que ele era
a) medroso, pois preferiu se esconder a enfrentar a situação diretamente.
b) organizado, já que deixou claro que sempre cumpre suas obrigações pontualmente.
c) desonesto, pois tentou enganar o outro, já que não queria pagar a prestação da televisão.
d) orgulhoso, porque não aceitava ajuda de ninguém, mesmo em momentos difíceis.
5. Que fato gerou o humor na crônica “O Homem Nu”? Retire uma situação do texto que você considera engraçada.
6. Em: “Enquanto esperava, resolveu fazer um café.”, a expressão grifada introduz uma ideia de
a) consequência.
b) concessão.
c) tempo.
d) causa.
7. Por que Maria não abriu a porta quando o marido, desesperado, chamava do lado de fora?
8. O que fez com que o homem vivesse um verdadeiro pesadelo na crônica “O Homem Nu”?
9. Identifique na crônica a que ou a quem se referem as palavras destacadas nos trechos a seguir.
a) “…dirigiu-se ao banheiro…”
b) “Escuta, minha filha…”
c) “Não gosto dessas coisas.”
d) “… a gente fica quieto aqui…”
e) “… atrás de si fechou-se com estrondo…”
10. Quem foi a primeira pessoa a ver o homem nu? E com quem ela o confundiu?
11. O fato que marcou o início da trama vivida pelo personagem principal nesta narrativa foi quando
a) saiu completamente despido para buscar o pão.
b) foi surpreendido sem roupas por uma senhora idosa.
c) combinou com sua esposa de não atender a porta.
d) se esqueceu de levar o valor para quitar a parcela.
12. O texto “O homem nu”, de Fernando Sabino, permite ao leitor identificar uma reflexão sobre o seguinte tema:
a) dificuldades financeiras.
b) desentendimentos no casamento.
c) rivalidades entre moradores do prédio.
d) imprevistos que ocorrem no dia a dia.
13. No trecho: “— Maria! Abre aí, Maria.”, explique o uso da vírgula.
14. O trecho do texto em que há uma opinião é:
a) “– Explique isso ao homem – ponderou a mulher.”
b) “– É um tarado! – Olha, que horror!”
c) “…— Maria, por favor! Sou eu!”
d) “Aterrorizado, precipitou-se até a campainha…”
15. Ao longo do texto, expressões como “despido”, “pelado”, “em pelo” foram utilizadas para substituir o adjetivo nu. O mecanismo de coesão textual é responsável por garantir a coerência e manter a unidade de sentido entre as partes do texto. Neste caso, qual dos recursos coesivos apresentados na tabela foi empregado? Escolha o termo adequado da tabela e escreva sua resposta.
POLISSEMIA | SINONÍMIA |
PARONÍMIA | ANTONÍMIA |
16. Uma das passagens do texto marcada pelo uso da linguagem coloquial é
a) “Deixa ele bater até cansar…”
b) “Não gosto dessas coisas.”
c) “… fez o homem nu, sobressaltado.”
d) “Ainda era muito cedo…”
17. Justifique a sua escolha na questão anterior.
18. Na frase: “– Bom dia, minha senhora – disse ele, perplexo.”, o pronome possessivo destacado é usado para expressar
a) posse.
b) sentimento.
c) proximidade.
d) hierarquia.
19. Com base no texto e na ordem dos eventos, descreva o que aconteceu em cada uma das imagens abaixo. Reconte a história a partir da leitura do texto.
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Planejamento para o professor
Objeto do conhecimento: Crônica: O Homem Nu.
Objetivo da Aula: Interpretar e compreender a crônica “O Homem Nu”, de Fernando Sabino, analisando os elementos do texto, como enredo, personagens e humor, desenvolvendo a habilidade de leitura crítica e reflexiva.
Habilidade da BNCC: (EF89LP35) Criar contos ou crônicas (em especial, líricas), crônicas visuais, minicontos, narrativas de aventura e de ficção científica, dentre outros, com temáticas próprias ao gênero, usando os conhecimentos sobre os constituintes estruturais e recursos expressivos típicos dos gêneros narrativos pretendidos, e, no caso de produção em grupo, ferramentas de escrita colaborativa.
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Por Érica Sousa
Licenciada em História, Geografia, Filosofia e Pedagogia, com pós-graduação em Gestão Escolar.
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